Recomendação de Leitura | Prof. Aloisio Sotero
Confesso o entusiasmo pelo livro "O novo poder: como disseminar ideias, engajar pessoas e estar sempre à frente em um mundo hiperconectado", pelos novos conceitos baseados numa visão do poder por meio de mecanismos de interesse social nas causas que envolvem participação das pessoas.
Mais recentemente, vivemos no Brasil experiências com os movimentos acerca da vacinação, entre os quais destaco: Eu faço Parte , Vamos unir o Brasil pela Vacina. Similar ao movimento #MeToo, temos o EuTambém, para incentivar mulheres a contar no Twitter suas histórias de assédio e agressão sexual.
Este livro é fundamentado nas experiências dos autores Henry Timms e Jeremy Heimans de criarem modelos de um novo poder e tentar levar mais participação para mais pessoas. Henry um dos fundadores do #GivingTuesday, movimento filantrópico global que já arrecadou centenas de milhões de dólares para boas causas. Jeremy foi eleito pela Fast Company uma das pessoas mais criativas do ramo de negócios e recebeu da Ford Foundation o 75° Anniversary Visionary Award por seu trabalho pioneiro com causas sociais. Os autores convidam os leitores a uma aventura rica de experiências vividas por eles e afirmam nas páginas do livro, "compartilharemos o que descobrimos".
A descoberta das diferenças entre o novo e o velho poder
Na visão dos autores, as pessoas sempre quiseram tomar parte no mundo. Ao longo da história, movimentos surgiram, pessoas se organizaram, comunidades construíram estruturas colaborativas para criar culturas e conduzir o comércio. Sempre houve uma dialética de baixo para cima e de cima para baixo, entre hierarquias e redes. No entanto, até recentemente, nossas oportunidades de participar e agitar eram muito mais restritas no dia a dia. Graças à conectividade onipresente de hoje, podemos nos reunir e nos organizar de maneiras geograficamente ilimitadas, altamente distribuídas e com velocidade escalável. Aqui mais uma vez demonstra-se o poder da digitalização que torna o conhecimento com alta mobilidade e sem fronteiras geográficas.
Qual a essência do poder ?
Poder, segundo o filósofo Bertrand Russell, é a “capacidade de produzir efeitos desejados”. Tal capacidade está agora nas mãos de todos nós. Hoje, podemos fazer filmes, amigos ou dinheiro; espalhar esperança ou novas
ideias; construir comunidades ou movimentos; ou até divulgar informações falsas ou incitar violência — tudo numa escala imensamente maior e potencialmente mais impactante do que alguns anos atrás. Sim, isso acontece porque a tecnologia mudou. Mas a verdade mais profunda é que nós estamos mudando e o mundo se tornou hiper conectado .
Como funcionam o velho e novo poder
O velho poder funciona como uma moeda. É propriedade de poucos. Uma vez conquistado é guardado com zelo, e os poderosos têm um estoque substancial para gastar. É fechado, inacessível e impulsionado por um líder. É fazer o download e guardar ou tornar o seu conhecimento inacessível. Eu tenho, eu mando, eu controlo. Como nas clássicas campanhas de mídia; faça isso, compre isso, fique poderosa, vacina já. Um comando de controle sob a ação.
Um clássico exemplo dos médicos
Os autores vêem nos médicos um caso clássico do velho poder. Segundo eles, alguns profissionais ainda vivem em um mundo que funciona sob um olhar antigo. Eles treinaram rigorosamente para desenvolver sua expertise, e por bons motivos, pois estão lidando com questões de vida e morte. Mas, ao fazerem isso, eles se acostumaram a ser os guardiões do conhecimento médico, distantes de seus pacientes por um vocabulário complicado e por receitas inescrutáveis.
Os pacientes descobriram o novo poder. Eles agem para melhorar suas condições, cercados — e incentivados — por uma multidão de pessoas que pensam da mesma forma. Eles experimentam coisas, trocam artigos de revistas especializadas e acompanham o progresso uns dos outros. Compartilham seus dados, suas ideias e sua compaixão. Seus mundos se abriram — e nenhum médico tem a chave para fechar essas portas novamente. Pesquisam e chegam com novas perguntas, que muitas vezes os médicos desconhecem.
O velho poder na política
O recente governo dos Estados Unidos estava se valendo de um confiável manual do velho poder, usando sua posição superior para literalmente jogar ideias do alto. Mesmo quando usou a mídia social, seu padrão não foi de engajar, mas ordenar, lembram os autores.
E o novo poder como opera?
O novo poder opera de maneira distinta, como uma corrente. É feito por muitos. É aberto, participativo e impulsionado por iguais. É fazer o upload e distribuir. Como a água ou a eletricidade, é mais forte quando aumenta de repente. Com o novo poder, o objetivo não é acumular, mas canalizar ideias .
Reforçam os autores, "uma ideia é criada para que o público se apodere dela e a espalhe. Ela é acionável porque é formulada para levar o usuário a fazer alguma coisa, conectada porque faz o usuário se sentir parte de uma comunidade que pensa da mesma forma e extensível porque é estruturada com um tronco comum que incentiva suas comunidades a alterá-la e a estendê-la".
Uma marca planejada é para inspirar a participação
Os autores lembram o acrônimo ACE corresponde a três princípios básicos de concepção para fazer uma ideia se espalhar no mundo do novo poder:
Acionável — A ideia é concebida para levar você a fazer alguma coisa — algo mais do que apenas admirar, lembrar e consumir. Ela tem um chamado para a ação em seu cerne, a começar pelo compartilhamento, mas com frequência indo muito além.
Conectada — Significa promover uma conexão com iguais, com pessoas das quais você gosta ou com as quais compartilha valores. Ideias conectadas aproximam você de pessoas que o tornam (que o fazem se sentir) parte de uma comunidade que pensa da mesma forma. Isso deflagra um efeito de rede que espalha mais a ideia.
Extensível — Pode ser customizada, editada e moldada pelo participante. Ela é estruturada com um tronco comum que incentiva suas comunidades a alterá-la e a estendê-la.
O interesse não é mais o slogan, mas os memes
A velha mídia está entendendo isso. Em 2013, a publicação mais popular produzida pelo The New York Times não foi uma matéria arrojada de jornalismo investigativo, mas um teste de 25 perguntas que permitia ao leitor encontrar seu “mapa de dialeto pessoal”, o lugar dos Estados Unidos onde as pessoas usavam linguagem e frases mais semelhantes às dele.
Simples Assim o mundo mudou, adapte -se, seja curioso, não desista!
Aloisio Sotero é professor de Economia Digital e cofundador da Baex, Escola Internacional de Educação para Executivos.